quarta-feira, 9 de abril de 2008

MEA CULPA

MEA CULPA
Cristovam Buarque
02 de março de 2008

Muitas vezes um escritor, se é escritor genuíno e não apenas um
vendedor de si mesmo, tem de escolher entre dizer a verdade e ser
persuasivo. Isso acontece quando a verdade que ele encontra é tão
inusitada e chocante que não pode amoldá-la nem aos hábitos mentais
nem às preferências do público. Se ademais ela é também complexa e
obscura, tudo o que ele pode fazer é tentar verbalizá-la o mais
fielmente possível, sem buscar ser aprovado pela maioria ou
compreendido por todos. Ele terá então de escrever só para as pessoas
inteligentes e honestas, que não são abundantes em parte alguma do
universo -- e as demais o considerarão, na mais branda das hipóteses,
um pedante empenhado em humilhá-las.
Nas últimas décadas, creio ter sido o único brasileiro que viveu essa
experiência, pois os outros, repetindo mensagens previamente aprovadas
pelo consenso do seu grêmio e da platéia, podiam esmerar-se em tornar
esse alimento costumeiro cada vez mais fácil de absorver, ao ponto de
derreter na boca sem ser preciso mastigá-lo.
A verdade que encontrei é dura, temível e repugnante: há uma revolução
comunista em marcha no continente, prometendo reencenar aqui a
tragédia do Leste europeu, e fazê-lo sob os mesmos pretextos
edificantes usados lá. Na implementação desse projeto macabro
colaboram centenas de partidos políticos, ONGs, quadrilhas de
narcotraficantes, seqüestradores e assassinos, bem como vários
governos da América Latina, incluindo o nosso. É a maior articulação
revolucionária que já se observou no mundo, e a entidade que a
promove, o Foro de São Paulo, permaneceu durante dezesseis anos sob o
manto do segredo protetor, estendido sobre ele pelo cinismo da
desconversa governamental e pela solicitude abjeta da mídia cúmplice.
A expressão "verdade inconveniente" foi tão prostituída pelo sr. Al
Gore que reluto em usá-la, mas não há outra para explicar a tempestade
de ódio que se abateu sobre mim por ter contado essas coisas. Se os
políticos que lucraram com o silêncio, e os chefes de redação que
tentaram calar a minha boca, e os leitores que me insultaram, e os
presumidos experts em América Latina que usaram o peso da sua
autoridade como tampão para impedir o vazamento dos fatos tiverem
algum dia de me pagar reparações, sem dúvida me tornarei milionário um
dia antes de ficar senil.
Mas o dano que sofri dessas criaturas é nada, rigorosamente nada, em
comparação com o mal que fizeram ao seu país e a toda a América
Latina. Agora, que a verdade rejeitada finalmente se impôs aos olhos
de todos e os seus detalhes escabrosos começam a saltar
incontrolavelmente como pulgas, o continente está em pé de guerra e o
nosso governo já tomou posição, provando que é, como eu sempre disse
que era, aliado incondicional das Farc, de Hugo Chávez, da ditadura
cubana e, enfim, de tudo o que não presta.
Ao longo desses anos, dezenas de milhares de pessoas morreram sob o
impacto da criminalidade crescente, do narcotráfico, das guerrilhas --
e a maré montante da violência revolucionária, longe de arrefecer,
ameaça agora subir mais alto ainda, com a eclosão da guerra longamente
preparada pelo sr. Hugo Chávez e pelas Farc, tramada nos encontros do
Foro de São Paulo sob o sorridente patrocínio do nosso presidente da
República.
Tudo isso poderia ter sido evitado, bastando que os formadores de
opinião cumprissem o seu dever em vez de xingar e boicotar quem o
cumpria. Agora é tarde. Tudo o que eles podem é elevar a farsa à
segunda potência, passando a falar do assunto com ares de quem o
viesse fazendo há séculos.
A negação da existência e das atividades do Foro de São Paulo foi um
crime comparável à negação do Holocausto, guardadas, é claro, as
proporções, mas ressalvado também o fato de que uma buscou encobrir os
horrores do passado, a outra os horrores presentes e futuros.
Eu mesmo, como ex-ministro no primeiro mandato do atual governo, sei
que fui completamente incompetente, e pior, fui conivente com os
desmandos políticos. Nada fiz para melhorar este país.

COMENTÁRIO: Faz anos que os militares, em Artigos publicados na mídia, denunciam à Nação a exisTência do Foro de São Paulo, alertando representar o mesmo uma ameaça real aos fundamentos democráticos. O FORO é integrado por esquerdistas de toda a América Latina,reunindo socialistas e comunistas num só balaio, onde convivem desde o sociólogo vendilhão da Vale e criador de indenizações para os que com arma na mão tentaram comunizar o Brasil, passando pelo apedeuta, omisso ou cúmplice em relação ao mensalão, pelo comunista Fidel Castro,por representantes das FARC e de Partidos, Organizações ou facções contrários aos princípios democráticos. Por saber serem as Forças Armadas um obstáculo aos propósitos estabelecidos no FORO,motivou FHC a criar o Ministério da Defesa e terminar com os Ministérios militares.
Os graves problemas de Segurança Nacional em curso na Amazônia são decorrentes da existência do FORO e da omissão impatriótica do Governo LULA que, integrando o FORO, optou pela falta de ação, maneira encontrada para trair o País, permitindo atentado contra a sabedoria e os interesses nacionais. Felizmente, custou, porém,aflorou o patriotismo e o senso de responsabilidade do Autor do Artigo, ao reconhecer a sua culpa, criticando o FORO e alertando sobre os seus propósitos.
Cel Márcio

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