quarta-feira, 7 de maio de 2008

TRANSCRIÇÃO DE ARTIGO

O MELHOR DO BRASIL


Vez que outra, ouve-se, proferida por algum prócer político, a expressão: o melhor do Brasil é o povo brasileiro. Do próprio presidente Lula, penso ter escutado algo semelhante. A afirmativa realmente tem sentido, pois o brasileiro, de um modo geral, é de boa índole, laborioso, profissionalmente correto e bastante criativo. Fica a dúvida, às vezes, sobre o apego às normas éticas, para completar um quadro positivo por inteiro.
Assistindo a um programa de televisão dia 25 de abril, à noite, senti que a assertiva pode ser considerada cabalmente verdadeira, pelo menos no que diz respeito a uma boa parcela desse povo. A história tratava de um gari da cidade capixaba de Cariacica que achou no lixo um envelope contendo 12 mil reais e o devolveu a seu legítimo dono. Ressalte-se que a importância representava cerca de dois anos de seu salário. Logicamente, não faltaram os detratores – representantes, por certo, dos que não formam a fatia do melhor do Brasil – para chamarem-no de tolo.
O mais estimulante é que fatos como esse não tão raras vezes têm sido registrados na mídia. Quase sempre, mas não necessariamente, são produzidos por pessoas simples, do povo. Pessoas não contaminadas pelos vírus da desonestidade e da ambição. Pessoas que preferem continuar com suas vidas modestas, mas de cabeça erguida, conseguindo fitar os olhos de seus filhos, parentes, amigos e dizer: sou uma pessoa decente.
Os bons exemplos colhidos da história do Sr Sebastião Batista Bretãs – o gari de Cariacica – não se encerraram com a devolução do dinheiro. Em Campinas, SP, o Padre Luis Roberto Lascio liderou, entre seus paroquianos, uma coleta de recursos que permitiu entregar ao gari a mesma importância que havia achado e devolvido. Gente que discutia com repulsa a corrupção em nosso país e partiu do verbo à ação, premiando um gesto claro de honestidade. Mesmo com tais bons exemplos em mente, não é possível abandonar a convicção de que muitos compatriotas nossos teriam de ser excluídos desse largo contingente de bons brasileiros.
É difícil incluir alguns dos muito ricos: pessoas que no interminável afã de ganhar dinheiro, de enriquecer ainda mais, desrespeitam a dignidade do ser humano; pessoas que não conseguem enxergar empregados como seus semelhantes; pessoas que estão permanentemente buscando formas de burlar a legislação para auferir mais ganhos; pessoas que, em alguns casos extremos, chegam a recorrer ao hediondo recurso da escravidão humana.
É difícil incluir parte expressiva da classe média que cultiva a arrogância no tratamento com aqueles que julgam seus inferiores. Normalmente os mesmos que procuram tirar vantagem em tudo, que se vangloriam em desrespeitar as regras de convivência social, que agem como se a lei existisse apenas para os outros.
É difícil incluir grande número de políticos que compõem os executivos e as casas legislativas em todo o país. Homens e mulheres que fazem do menosprezo à ética seu modo de vida, desrespeitando mandatos conferidos pelo povo, utilizando promessas demagógicas para ludibriar eleitores, envolvendo-se em escândalos indecorosos como mensalões, dólares na cueca, dossiês e tantos outros que envergonham a história política recente de nosso país.
É difícil incluir alguns dos colaboradores que rodeiam o Presidente da República, mentores dos escândalos que tanto horrorizam o povo brasileiro. Desse grupo brotam suspeitas sobre negócios milionários, sempre mal explicados, além do mau uso de cartões corporativos que, incompreensivelmente, não são esclarecidas, sob a alegação, mais do que questionável, de que a divulgação de despesas, supostamente de pequena monta, efetuadas no Brasil e no exterior, comprometeria a segurança nacional.
Conforta, no entanto, constatar que, apesar dos inúmeros e lastimáveis desvios, há, no país, muitas pessoas como o gari de Cariacica, em todas as classes sociais – e até entre políticos. Gente que tem orgulho de ser honesta. Gente que tem a ética como lema. Gente que cultiva a prática de princípios sadios. Gente que engrossa o contingente dos que podemos qualificar como o melhor do Brasil. Gente que precisa e merece o apoio, a solidariedade e a admiração de seus compatriotas.

Gen Ex GILBERTO BARBOSA DE FIGUEIREDO

Presidente do Clube Militar

COMENTÁRIO: Transcrevo este Artigo muito bem escrito, pela exaltação à etica do seu texto e pelo sentido moral que o mesmo encerra. Que o exemplo do gari de Cariacica frutifique, servindo de contraditório às afirmativas de uma SRA Ministra que, em pleno Senado, tentando reverter a sua imagem de ex-terrorista envolvida com o assalto do cofre de um falecido ex-Governador paulista, bem como pelo desaparecimento da fortuna nele encontrada,tentando passar por heroina e justificar-se de uma insinuação de prestar depoimentos mentirosos quando presa, fez verdadeira ode à mentira, sob a alegação de que assim agira para preservar companheiros. A verdade é que a mentira era um traço componente do criminoso perfil moral da ex-terrorista. Hoje, decorrido décadas, ácredito ser possível, caso haja procurado psicólogos,haver equilibrado a sua personalidade aparentemente doentia,já que era inclinada ao crime e a traição à PÁTRIA.
Cel Márcio