domingo, 23 de março de 2008

É IMPRESCINDÍVEL MUDAR DE ATITUDE !

Ontem: firmeza; hoje: timidez; amanhã: ?
É responsabilidade do Presidente da República prover a Segurança Interna do país, assim como é missão constitucional das Forças Armadas (FA) defenderem a Pátria.
Desde o início do governo Sarney, mas, com ênfase paranóica a partir do corrupto governo FHC, prosseguindo a prática com igual furor no atual e também corrupto governo petista, por absoluta falta de patriotismo e de responsabilidade para com o Brasil, as ações revanchistas, anteriormente esparsas, passaram a ser coordenadas, após o fórum de São Paulo, com o objetivo de desestruturar e desarticular as FA, indiferentes ao fato de, em assim agindo, também desestruturarem e desarticularem a Defesa Nacional.
Seguindo uma estratégia, suprimiram os Ministérios militares, com o objetivo de isolarem os militares, privando-os de despachar com o Presidente da República, obstruindo-lhes o canal de reivindicação direta. Utilizando a tática do torniquete econômico, com cortes substanciais nos recursos orçamentários, provocaram o sucateamento de fábricas, arsenais e parques de armamentos, reduzindo a capacidade operacional das Forças, pela inanição da cadeia de suprimentos bélicos.
Completando a urdida trama, adotaram uma política salarial injusta destinada a levar à isquemia os lares militares, certos de abalarem os valores e as convicções dos seus integrantes. Faz treze anos de oprimida angústia, pois os salários comprimidos geram a cada ano maiores privações, afetando a vida familiar e a educação dos filhos, sem reflexos na atividade funcional, em razão de serem os militares, por formação, treinados a encarar vicissitudes como obstáculos a superar, mantendo incólume a dedicação ao dever, ao Brasil e á profissão, certos de que indispensável é a preservação da disciplina, da união e do patriotismo como apanágio das virtudes militares.
Tratam as Forças Armadas como Instituições de segunda categoria, se comparados os salários dos militares aos dos integrantes da Polícia Federal e da Polícia Militar de Brasília. Sendo a mesma a fonte pagadora e a origem dos recursos, qual o motivo da discriminação?
É atribuição do governo, conforme o prescrito nas Diretrizes da Política de Defesa Nacional :
m) aprimorar a organização, o aparelhamento, o adestramento e a articulação das Forças Armadas, assegurando-lhes as condições, os meios orgânicos, e os recursos humanos capacitados para o cumprimento da sua destinação constitucional.
n)
o)
p) garantir recursos suficientes e contínuos que proporcionem condições eficazes de preparo da Forças Armadas e demais órgãos envolvidos na Defesa Nacional
O governo, ainda que alertado para o crime que vem praticando contra a Defesa Nacional e contra as Força Armadas, utilizando a mesma tática usada, quando encobria os pilantras envolvidos no escândalo do mensalão, se faz de cego, surdo e mudo para prosseguir com a estratégia de desmonte das Forças Armadas.
Como os entendimentos que vinham sendo mantidos no sentido de minorar os problemas, não passaram de promessas e mentiras, arte em que é mestre o Ministro da Defesa, réu confesso de haver fraudado a Constituição, é hora de os Comandantes das três Forças quebrarem o prudente silêncio, demonstrando não serem cúmplices na desarticulação das Instituições que comandam.
É preciso tomar uma atitude que defina posição. Por que não difundir um Manifesto à Nação, vigoroso e enfático, mostrando a realidade da situação a que foram relegadas as Forças Amadas e as conseqüências decorrentes, chegando ao absurdo de estarem impedidas de cumprirem determinadas missões, incompatíveis com a disponibilidade dos meios logísticos e operacionais existentes?.
Denunciem o projeto em tramitação no Congresso, objetivando levar a política para os Quartéis, ao permitirem a filiação de militares em Partidos políticos. Denunciem que a adoção de hábeas corpus para punição disciplinar significará um atentado contra a disciplina e a hierarquia, pilares de sustentação das Instituições militares.
No Manifesto deve ficar claro não caber às Forças Armadas apurar as denúncias de corrupção que escandalizam a Nação, pois há órgãos e Poderes investidos dessa atribuição. Têm os militares a exata noção de que não são mentores, nem censores da Nação, mas também sabem ter o dever de repelir com altivez o ultraje de serem tratados como parias ou mendigos.
As Forças Armadas são subordinadas ao Presidente da República e ao Poder civil, porém, como Instituições Nacionais permanentes não têm de implorar, nem de aceitar humilhações para continuar existindo.
Feitas as denúncias, ante a gravidade do teor do Manifesto, acredito que competirá ao Conselho da República pronunciar-se, levando em consideração tratar-se de” questão relevante para a estabilidade de três Instituições democráticas, conforme prescreve o item II do Artigo 90 da Constituição de 1988.
Comandar é exercer liderança! Desconheço exemplo de líder mudo! A dignidade e a ética militar exigem que as Forças Armadas não mais aceitem a continuidade da situação atual. Então é preciso planejar e definir o próximo passo após o Manifesto, caso o governo insista em mostrar-se irredutível. Sem idéia de golpe, pois é imperioso respeitar a vontade expressa nas urnas, há espaço para outras ações firmes.
É inadmissível que um país, com as dimensões e potencialidades do Brasil, mostre-se indefeso face à fraqueza das suas Forças Armadas, as quais, sem poder de dissuasão, estão incapazes de desestimular cobiças, aventuras e violações territoriais.
Ainda que o preço do Manifesto custe a perda dos Comandos, sairão como líderes, admirados pelos subordinados e demonstrando aos brasileiros que, contrastando com a banda podre da estrutura governamental, a união, a lealdade, a seriedade, o dever, a honra e a dignidade são valores da ética militar
Considero impróprio o movimento de esposas em protestos reivindicatórios. Ajudam já em muito, fazendo o milagre de administrar os parcos salários com as despesas nos lares. Considero preferível nada fazer, a agir acobertado em saias.
A História não se apercebe dos tímidos, nem dos acomodados. Ela é o túmulo daqueles que no seu tempo foram personagens das estórias.

Márcio Matos Viana Pereira
OBS: O autor é Cel Ref do EB

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